Continuando nossa missão – quase que impossível – de entrevistar os integrantes da agremiação, desta vez fomos em busca do Grande Intérprete da Amigos do Samba, Júnior Santana. Dono de uma bela voz, forte e poderosa, além de ser um exímio e talentoso cavaquinho, nosso entrevistado nos recebeu num lugar que é sinônimo de pura festa – a quadra de uma escola de samba, numa animada tarde de pagode, cantados pelo grupo Puro Stylo, do qual nosso admirado Intérprete também faz parte. Alegria, emoção e muito som tomaram conta da entrevista, além de belos passos de Mestre-sala, que nosso entrevistado bailou pela quadra. Em ritmo de samba, pagode e companhia, acompanhem agora essa animada entrevista.
Qual o estilo de música do Grupo Puro Stylo e como ingressou nele?
O grupo Puro Stylo é um grupo que já tem 4 anos de estrada e é formado por amigos que passei a admirar em pagodes, os quais ia com o meu irmão que também é pagodeiro.
Surgiu o interesse em me juntar ao grupo a partir do momento em que este sentiu a necessidade de um cavaquinho fixo; até porque eles contratavam free lances. Em cada show era um e isso acabava com a estrutura do grupo.
O grupo é bem eclético, segue a linha de grupos como Bom Gosto e Revelação e segue um lema de Jorge Aragão: "Para mim tudo acaba em samba e tentamos agradar o nosso público da melhor maneira possível”.
Tenho dois irmãos, um de 26 anos e outro de 24 anos, que por sinal são bem famosos no mundo do samba. Já tocaram com Revelação, Pique Novo, Belo, entre outros.
E o cavaco? Como tomou intimidade com o instrumento?
Eu toco cavaco desde os 9 anos por influência do meu pai que me via brincando com uma guitarra que minha irmã tinha e sempre gostei de instrumento de corda. Meu avô materno tocava bandolin e meu tio toca cavaco e banjo. Acho que já estava no sangue e meu pai só me deu um empurrão.
Acho que se não fosse o meu pai, eu teria, do mesmo jeito, aprendido cavaco, pois é uma paixão de infância.
E o Grupo já está fazendo shows? Como está essa nova vida de sucesso?
O grupo faz show aqui em Duque de Caxias e estamos com propostas para Ilha do Governador. Será uma experiência boa sair da cidade onde o grupo nasceu, pois seremos conhecidos em outros lugares. Isso é bom para o grupo.
Como se deu seu contato com o mundo do samba?
Meu pai e minha mãe já desfilavam no bloco Lambe Copo, um dos blocos que originou a Grande Rio. Aos 11 anos entrei na ala de Mestre-sala e Porta -bandeira mirim, no qual desfilei por 7 anos e me tornei 2º Mestre-sala na Independente da Praça da Bandeira, em que dancei por um ano.
Meu tio paterno era Mestre-sala e não seria diferente seguir essa trajetória.
Entrei por culpa da minha irmã que queria ser Porta-bandeira e me levou a tiracolo; acabei gostando e me aperfeiçoando.
Viramos o melhor casal de irmãos na Grande Rio.
Começamos a desfilar em 2000, permanecendo até 2006 na Grande Rio. Em 2007, desfilamos na Independente da Praça da Bandeira e não desfilamos mais.
Sua família é ligada a alguma Escola de samba?
Sim, sempre desfilaram na Grande Rio, durante toda a vida. Hoje, eu e minha irmã, por motivos próprios não desfilamos mais, mas meus pais ainda desfilam.
O que acha dos sambas de enredo atuais? Quais seus preferidos?
Os sambas atuais são bem acelerados. Eu acho interessantes os sambas para frente. Gosto de Caprichosos 2001 e Tuiutí 2001.
Torce por alguma escola? Qual o melhor desfile pra você?
Torço para Grande Rio, sempre. Adorei o desfile da Mangueira 2002 e Salgueiro 1993, Não esquecendo da Grande Rio 1999.
O que acha dos desfiles das escolas atuais? Sente saudade de épocas passadas? Que desfiles lhe marcaram?
Acho que, a cada ano que passa, a tecnologia toma conta dos desfiles. Já foi o tempo de carro quebrar e pegar fogo. Sinto falta disso, apesar de não ser legal para ninguém, mas era o que causava emoção na disputa. Hoje, até alegoria senta (risos), antes era todo um cuidado para não bater no viaduto. Acho que não tem desfile melhor do que Vila 88, Quizomba.
Você também é um grande Intérprete de samba, qual a sensação de poder comandar uma escola durante seu desfile na Avenida?
A avenida virtual é bem diferente do que a real. Pude notar isso, pois fui, durante dois anos, back vocal do Dudu, meu amigão, na Pimpolhos da Grande Rio. Ele foi o maior incentivador para eu cantar, pois não tinha vaga para cavaco.
Na Amigos é uma história diferente. Eu já era predestinado a ser o intérprete e não largo o posto. Sinto uma emoção, mesmo sendo gravação, quando escuto minha voz chamando a comunidade virtual para cantar junto comigo.
Tem vontade de cantar pra uma escola na Sapucaí? Quem, para você é o maior intérprete de sambas de enredo?
Eu sou fã incondicional do Wantuir. Queria cantar com ele ou tocar cavaco, nem que fosse no ensaio. Têm outros que eu tenho uma admiração e até amizade, graças ao samba, que são Anderson Paz e o Wander Pires. Tem o Léo Bessa, que também é uma pessoa show de bola. E eu fico feliz pelo carnaval virtual me dar essa oportunidade.
Queria mesmo era cantar com o Jackson Martins; quando falo dele da vontade ate de chorar (neste momento, nosso intérprete se emociona).
Algum sonho de carnaval?
Tornar-me o primeiro Mestre-sala da Grande Rio, junto com a minha irmã.
E no virtual, ganhar no grupo especial.
E como conheceu o Leandro Kfé?
O Kfé eu já conhecia de vista nos ensaios da Grande Rio. Conheci melhor quando eu fui trabalhar na mesma empresa que ele e percebi logo uma coisa em comum, quando o peguei sozinho no laboratório escutando samba.
Bastou um tempo para nos entrosarmos e começar a falar de samba.
É um grande amigo?
Sim, sim. Tanto pessoal quanto profissional. Sempre nos ajudamos e não tem hora e nem dia para isso.
A parceria Kfé e Júnior chegou à final da Escola Independentes da Praça da Bandeira, qual a sensação?
Achava que não chegaríamos tão longe, até porque eu mesmo apontei uns erros que contariam como perdas na disputa e o Kfé já sabia disso. Eu não guardo para mim, eu falo mesmo e quando estava ruim, aí que eu falava mais. Isso irritava o restante da parceria que achava que eu estava desistindo, mas só o Kfé entendia o que estava acontecendo. Fiquei feliz por chegar lá. Só eu e o Kfé não pensávamos em ganhar, pois queríamos consertar os erros, mas como não éramos só nós dois, tínhamos que mentir, mas foi uma experiência boa, a qual pretendo fazer de novo esse ano. E sei que os erros serão consertados.
E a disputa para o carnaval 2009, alguma escola em mente? A parceria continua?
Devemos conversar a respeito. Estávamos pensando em Unidos da Ponte e Praça da Bandeira, mas a princípio só Praça da Bandeira pode ser dita como certeza.
Sim, acho que sim. Precisamos nos encontrar para saber se vai continuar ou não, mas seria bom se continuasse.
Você e o Kfé são grandes compositores de sambas de enredo da Liesv. Uma parceria vitoriosa. Como é o processo de composição do samba? Onde buscam inspiração? Um cuida mais de melodia, o outro da letra?
Bem, pode-se falar que a letra é 98% do Kfé. A melodia é minha. Às vezes tira ou acrescenta, mas somos cinqüenta por cento de parceria: um compõe e o outro faz a melodia. Eu gosto do jeito do Kfé de compor; as melodias surgem rápido e procuro criar um linha diferente a cada ano, para não ficar uma coisa muito igual, como se fosse papel timbrado.
Eu me inspiro em sambas bem melodiosos, os quais têm uma harmonia bem difícil, para tentar criar uma própria para os sambas.
Onde ou como conheceram a Liesv?
Conheci a Liesv pelo Kfé. Eu não me ligava muito e até hoje não me ligo nas partes burocráticas da Liesv, por isso não me tornei presidente quando o Kfé quis renunciar (risos). Achava muito desgastante e só iria prejudicar.
A Liesv é um projeto muito bom, estimula muita gente a fazer coisas que antes só fazia para si e hoje podem mostrar para mais de cem ou mil pessoas, sei lá quantas pessoas assistem. É uma parcela grande, isso eu tenho certeza.
E a Amigos do Samba, como surgiu e qual a proposta da escola?
A amigos surgiu de uma proposta que a Liesv fez: escolher seis escolas para o grupo b e o Kfé resolveu criar a escola que, no primeiro ano não desfilou – o que foi melhor, pois não tínhamos estrutura para desfilar. O nome surgiu de um site de samba que o Kfé tinha, com o mesmo nome e como o projeto é juntar vários amigos que gostavam de samba, o nome veio a calhar.
Que acha da equipe da escola? São todos amigos?
A equipe é um recorde de componentes do sexo feminino e é ate bom, porque não gosto de muito homem perto não (risos na quadra). Essa equipe é a melhor nesses dois anos. Chegamos a um objetivo que era fincar uma raiz e só cuidar para a árvore não morrer e conseguimos! Eu só tenho a agradecer a Emanuelle, que foi uma das pessoas que mais ajudou à Amigos. Lembro que eu a chamei para ser carnavalesca faltando um mês para o desfile e não tinha nada pronto e ela nos deu essa glória de estarmos onde estamos. A Denise é outra que chegou na melhor hora, sem ela o organograma não sai. E esse ano temos a Juliana, que até hoje eu não sei como ela apareceu no desfile e confesso que me apaixonei pela simpatia dela e a chamei sem saber o que ela ia fazer na Escola, mas graças à Deus eu consegui uma historiadora e criadora de enredos brilhante, que ajuda o Presidente e à Manú de uma forma incrível. É uma equipe que poderia ter na sigla sociedade, mas não deixa de ser uma.
Que acha do enredo da Amigos para o carnaval 2008?
A amigos segue uma trajetória que é a ter enredos que não "poderiam" ser enredos – os enredos abstratos. Temos uma linha de criação na qual, no mundo virtual, tudo pode acontecer. Se formos seguir o real, vamos voltar para a realidade e essa não é a missão da Amigos. Esse enredo é o primeiro que não foi sugerido pelo Presidente. Foi dada carta branca para as carnavalescas da escola criarem tudo, mas alguns ajustes são feitos, ligando-se sempre no desfile anterior para não repetirmos as mesmas idéias.
Esse enredo tem tudo para ser um dos melhores que a Amigos já fez. A cada ano que passa, a Manú tenta melhorar os desenhos e emocionar, como sempre emocionamos durante esses três anos de existência. A Amigos é uma escola diferente em todos os sentidos e sempre surpreendendo com enredos que ninguém acreditaria que sairia algo daquilo. Tiramos por arco-íris e amizade. Enfim, outro enredo curioso da Amigos.
A Agremiação teve um recorde de sambas de enredo concorrentes inscritos, a que atribui esse sucesso?
É atribuído pelo tipo de enredo e pela facilidade de entendimento da sinopse. Temos uma parcela, em particular eu e o Kfé por dois anos seguidos compomos para todas as agremiações. Isso fez com que tivéssemos créditos para receber essa atenção. Foram sambas maravilhosos, surpreendi-me com a garra de todos em tentar, da sua maneira, musicar o enredo.
Esse ano foi diferente: apenas um samba foi vitorioso, apesar de termos cogitado várias fusões, mas nenhuma supria a necessidade do enredo tanto quanto um samba só. Agradeço muito a todos que proporcionaram essa dádiva de ficar sem dormir, com medo de fazer a escolha errada, mas foi emocionante e espero outro recorde de participação no ano que vem.
E o samba escolhido atende às finalidades da escola?
Sim, atende e por incrível que pareça conta a trajetória toda do enredo, sem esquecer nada. Isso que me surpreende: não precisei fundir para pôr algo que faltava no enredo. Espero que seja também emocionante para os jurados e que eles também façam parte da magia do carnaval que a Amigos irá levar para a Jorge 30.
Uma mensagem pra todos os componentes e fãs da Amigos do Samba.
Que somos Amigos do samba, da mesa de bar, bebendo refri, é claro! Da net, de qualquer lugar, não vamos quebrar essa corrente e vamos torcer para que a Amigos tenha um bom resultado em 2008 e em 2009 espero todos mandando samba para o próximo enredo, que já está sendo preparado. Logo vocês já terão conhecimento.
Planos para o futuro?
Agora eu penso na vitória da Amigos, no meu futuro com o grupo Puro Stylo, que está sendo uma realização. Estou feliz comigo mesmo, na minha vida pessoal e espero que tudo continue assim. Eu só tenho a agradecer a Deus e a mim por isso, pois como Deus diz: “faça a sua parte que eu te ajudarei”. Então se eu não fizer, ele não vai ajudar, pois precisamos nos esforçar para conseguirmos o que queremos.
Uma entrevista bem animada e extrovertida, embalada por puro samba e pagode. Muitas risadas, descontração, clima bem informal. Júnior é um guerreiro, lutando sempre pra fazer o melhor e buscando novas idéias, novos sons, ritmos, para enriquecer suas composições e produzir belíssimas obras, como o carnaval da Liesv já desfrutou e pode apreciar, inclusive nesse carnaval 2008. Uma pessoa especial, Intérprete excelente, pessoa daquele tipo que se destaca por si só, um grande Amigo do Samba, como diz o nome da escola. Sucesso para o Júnior, em seu grupo e pra sua escola também!
Qual o estilo de música do Grupo Puro Stylo e como ingressou nele?
O grupo Puro Stylo é um grupo que já tem 4 anos de estrada e é formado por amigos que passei a admirar em pagodes, os quais ia com o meu irmão que também é pagodeiro.
Surgiu o interesse em me juntar ao grupo a partir do momento em que este sentiu a necessidade de um cavaquinho fixo; até porque eles contratavam free lances. Em cada show era um e isso acabava com a estrutura do grupo.
O grupo é bem eclético, segue a linha de grupos como Bom Gosto e Revelação e segue um lema de Jorge Aragão: "Para mim tudo acaba em samba e tentamos agradar o nosso público da melhor maneira possível”.
Tenho dois irmãos, um de 26 anos e outro de 24 anos, que por sinal são bem famosos no mundo do samba. Já tocaram com Revelação, Pique Novo, Belo, entre outros.
E o cavaco? Como tomou intimidade com o instrumento?
Eu toco cavaco desde os 9 anos por influência do meu pai que me via brincando com uma guitarra que minha irmã tinha e sempre gostei de instrumento de corda. Meu avô materno tocava bandolin e meu tio toca cavaco e banjo. Acho que já estava no sangue e meu pai só me deu um empurrão.
Acho que se não fosse o meu pai, eu teria, do mesmo jeito, aprendido cavaco, pois é uma paixão de infância.
E o Grupo já está fazendo shows? Como está essa nova vida de sucesso?
O grupo faz show aqui em Duque de Caxias e estamos com propostas para Ilha do Governador. Será uma experiência boa sair da cidade onde o grupo nasceu, pois seremos conhecidos em outros lugares. Isso é bom para o grupo.
Como se deu seu contato com o mundo do samba?
Meu pai e minha mãe já desfilavam no bloco Lambe Copo, um dos blocos que originou a Grande Rio. Aos 11 anos entrei na ala de Mestre-sala e Porta -bandeira mirim, no qual desfilei por 7 anos e me tornei 2º Mestre-sala na Independente da Praça da Bandeira, em que dancei por um ano.
Meu tio paterno era Mestre-sala e não seria diferente seguir essa trajetória.
Entrei por culpa da minha irmã que queria ser Porta-bandeira e me levou a tiracolo; acabei gostando e me aperfeiçoando.
Viramos o melhor casal de irmãos na Grande Rio.
Começamos a desfilar em 2000, permanecendo até 2006 na Grande Rio. Em 2007, desfilamos na Independente da Praça da Bandeira e não desfilamos mais.
Sua família é ligada a alguma Escola de samba?
Sim, sempre desfilaram na Grande Rio, durante toda a vida. Hoje, eu e minha irmã, por motivos próprios não desfilamos mais, mas meus pais ainda desfilam.
O que acha dos sambas de enredo atuais? Quais seus preferidos?
Os sambas atuais são bem acelerados. Eu acho interessantes os sambas para frente. Gosto de Caprichosos 2001 e Tuiutí 2001.
Torce por alguma escola? Qual o melhor desfile pra você?
Torço para Grande Rio, sempre. Adorei o desfile da Mangueira 2002 e Salgueiro 1993, Não esquecendo da Grande Rio 1999.
O que acha dos desfiles das escolas atuais? Sente saudade de épocas passadas? Que desfiles lhe marcaram?
Acho que, a cada ano que passa, a tecnologia toma conta dos desfiles. Já foi o tempo de carro quebrar e pegar fogo. Sinto falta disso, apesar de não ser legal para ninguém, mas era o que causava emoção na disputa. Hoje, até alegoria senta (risos), antes era todo um cuidado para não bater no viaduto. Acho que não tem desfile melhor do que Vila 88, Quizomba.
Você também é um grande Intérprete de samba, qual a sensação de poder comandar uma escola durante seu desfile na Avenida?
A avenida virtual é bem diferente do que a real. Pude notar isso, pois fui, durante dois anos, back vocal do Dudu, meu amigão, na Pimpolhos da Grande Rio. Ele foi o maior incentivador para eu cantar, pois não tinha vaga para cavaco.
Na Amigos é uma história diferente. Eu já era predestinado a ser o intérprete e não largo o posto. Sinto uma emoção, mesmo sendo gravação, quando escuto minha voz chamando a comunidade virtual para cantar junto comigo.
Tem vontade de cantar pra uma escola na Sapucaí? Quem, para você é o maior intérprete de sambas de enredo?
Eu sou fã incondicional do Wantuir. Queria cantar com ele ou tocar cavaco, nem que fosse no ensaio. Têm outros que eu tenho uma admiração e até amizade, graças ao samba, que são Anderson Paz e o Wander Pires. Tem o Léo Bessa, que também é uma pessoa show de bola. E eu fico feliz pelo carnaval virtual me dar essa oportunidade.
Queria mesmo era cantar com o Jackson Martins; quando falo dele da vontade ate de chorar (neste momento, nosso intérprete se emociona).
Algum sonho de carnaval?
Tornar-me o primeiro Mestre-sala da Grande Rio, junto com a minha irmã.
E no virtual, ganhar no grupo especial.
E como conheceu o Leandro Kfé?
O Kfé eu já conhecia de vista nos ensaios da Grande Rio. Conheci melhor quando eu fui trabalhar na mesma empresa que ele e percebi logo uma coisa em comum, quando o peguei sozinho no laboratório escutando samba.
Bastou um tempo para nos entrosarmos e começar a falar de samba.
É um grande amigo?
Sim, sim. Tanto pessoal quanto profissional. Sempre nos ajudamos e não tem hora e nem dia para isso.
A parceria Kfé e Júnior chegou à final da Escola Independentes da Praça da Bandeira, qual a sensação?
Achava que não chegaríamos tão longe, até porque eu mesmo apontei uns erros que contariam como perdas na disputa e o Kfé já sabia disso. Eu não guardo para mim, eu falo mesmo e quando estava ruim, aí que eu falava mais. Isso irritava o restante da parceria que achava que eu estava desistindo, mas só o Kfé entendia o que estava acontecendo. Fiquei feliz por chegar lá. Só eu e o Kfé não pensávamos em ganhar, pois queríamos consertar os erros, mas como não éramos só nós dois, tínhamos que mentir, mas foi uma experiência boa, a qual pretendo fazer de novo esse ano. E sei que os erros serão consertados.
E a disputa para o carnaval 2009, alguma escola em mente? A parceria continua?
Devemos conversar a respeito. Estávamos pensando em Unidos da Ponte e Praça da Bandeira, mas a princípio só Praça da Bandeira pode ser dita como certeza.
Sim, acho que sim. Precisamos nos encontrar para saber se vai continuar ou não, mas seria bom se continuasse.
Você e o Kfé são grandes compositores de sambas de enredo da Liesv. Uma parceria vitoriosa. Como é o processo de composição do samba? Onde buscam inspiração? Um cuida mais de melodia, o outro da letra?
Bem, pode-se falar que a letra é 98% do Kfé. A melodia é minha. Às vezes tira ou acrescenta, mas somos cinqüenta por cento de parceria: um compõe e o outro faz a melodia. Eu gosto do jeito do Kfé de compor; as melodias surgem rápido e procuro criar um linha diferente a cada ano, para não ficar uma coisa muito igual, como se fosse papel timbrado.
Eu me inspiro em sambas bem melodiosos, os quais têm uma harmonia bem difícil, para tentar criar uma própria para os sambas.
Onde ou como conheceram a Liesv?
Conheci a Liesv pelo Kfé. Eu não me ligava muito e até hoje não me ligo nas partes burocráticas da Liesv, por isso não me tornei presidente quando o Kfé quis renunciar (risos). Achava muito desgastante e só iria prejudicar.
A Liesv é um projeto muito bom, estimula muita gente a fazer coisas que antes só fazia para si e hoje podem mostrar para mais de cem ou mil pessoas, sei lá quantas pessoas assistem. É uma parcela grande, isso eu tenho certeza.
E a Amigos do Samba, como surgiu e qual a proposta da escola?
A amigos surgiu de uma proposta que a Liesv fez: escolher seis escolas para o grupo b e o Kfé resolveu criar a escola que, no primeiro ano não desfilou – o que foi melhor, pois não tínhamos estrutura para desfilar. O nome surgiu de um site de samba que o Kfé tinha, com o mesmo nome e como o projeto é juntar vários amigos que gostavam de samba, o nome veio a calhar.
Que acha da equipe da escola? São todos amigos?
A equipe é um recorde de componentes do sexo feminino e é ate bom, porque não gosto de muito homem perto não (risos na quadra). Essa equipe é a melhor nesses dois anos. Chegamos a um objetivo que era fincar uma raiz e só cuidar para a árvore não morrer e conseguimos! Eu só tenho a agradecer a Emanuelle, que foi uma das pessoas que mais ajudou à Amigos. Lembro que eu a chamei para ser carnavalesca faltando um mês para o desfile e não tinha nada pronto e ela nos deu essa glória de estarmos onde estamos. A Denise é outra que chegou na melhor hora, sem ela o organograma não sai. E esse ano temos a Juliana, que até hoje eu não sei como ela apareceu no desfile e confesso que me apaixonei pela simpatia dela e a chamei sem saber o que ela ia fazer na Escola, mas graças à Deus eu consegui uma historiadora e criadora de enredos brilhante, que ajuda o Presidente e à Manú de uma forma incrível. É uma equipe que poderia ter na sigla sociedade, mas não deixa de ser uma.
Que acha do enredo da Amigos para o carnaval 2008?
A amigos segue uma trajetória que é a ter enredos que não "poderiam" ser enredos – os enredos abstratos. Temos uma linha de criação na qual, no mundo virtual, tudo pode acontecer. Se formos seguir o real, vamos voltar para a realidade e essa não é a missão da Amigos. Esse enredo é o primeiro que não foi sugerido pelo Presidente. Foi dada carta branca para as carnavalescas da escola criarem tudo, mas alguns ajustes são feitos, ligando-se sempre no desfile anterior para não repetirmos as mesmas idéias.
Esse enredo tem tudo para ser um dos melhores que a Amigos já fez. A cada ano que passa, a Manú tenta melhorar os desenhos e emocionar, como sempre emocionamos durante esses três anos de existência. A Amigos é uma escola diferente em todos os sentidos e sempre surpreendendo com enredos que ninguém acreditaria que sairia algo daquilo. Tiramos por arco-íris e amizade. Enfim, outro enredo curioso da Amigos.
A Agremiação teve um recorde de sambas de enredo concorrentes inscritos, a que atribui esse sucesso?
É atribuído pelo tipo de enredo e pela facilidade de entendimento da sinopse. Temos uma parcela, em particular eu e o Kfé por dois anos seguidos compomos para todas as agremiações. Isso fez com que tivéssemos créditos para receber essa atenção. Foram sambas maravilhosos, surpreendi-me com a garra de todos em tentar, da sua maneira, musicar o enredo.
Esse ano foi diferente: apenas um samba foi vitorioso, apesar de termos cogitado várias fusões, mas nenhuma supria a necessidade do enredo tanto quanto um samba só. Agradeço muito a todos que proporcionaram essa dádiva de ficar sem dormir, com medo de fazer a escolha errada, mas foi emocionante e espero outro recorde de participação no ano que vem.
E o samba escolhido atende às finalidades da escola?
Sim, atende e por incrível que pareça conta a trajetória toda do enredo, sem esquecer nada. Isso que me surpreende: não precisei fundir para pôr algo que faltava no enredo. Espero que seja também emocionante para os jurados e que eles também façam parte da magia do carnaval que a Amigos irá levar para a Jorge 30.
Uma mensagem pra todos os componentes e fãs da Amigos do Samba.
Que somos Amigos do samba, da mesa de bar, bebendo refri, é claro! Da net, de qualquer lugar, não vamos quebrar essa corrente e vamos torcer para que a Amigos tenha um bom resultado em 2008 e em 2009 espero todos mandando samba para o próximo enredo, que já está sendo preparado. Logo vocês já terão conhecimento.
Planos para o futuro?
Agora eu penso na vitória da Amigos, no meu futuro com o grupo Puro Stylo, que está sendo uma realização. Estou feliz comigo mesmo, na minha vida pessoal e espero que tudo continue assim. Eu só tenho a agradecer a Deus e a mim por isso, pois como Deus diz: “faça a sua parte que eu te ajudarei”. Então se eu não fizer, ele não vai ajudar, pois precisamos nos esforçar para conseguirmos o que queremos.
Uma entrevista bem animada e extrovertida, embalada por puro samba e pagode. Muitas risadas, descontração, clima bem informal. Júnior é um guerreiro, lutando sempre pra fazer o melhor e buscando novas idéias, novos sons, ritmos, para enriquecer suas composições e produzir belíssimas obras, como o carnaval da Liesv já desfrutou e pode apreciar, inclusive nesse carnaval 2008. Uma pessoa especial, Intérprete excelente, pessoa daquele tipo que se destaca por si só, um grande Amigo do Samba, como diz o nome da escola. Sucesso para o Júnior, em seu grupo e pra sua escola também!